quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Lugar de gente de verdade.

Às vezes a gente desdenha do serviço público, e eu conheço muita gente que prefere pagar do que usufruir dele ou exigir um melhor tratamento. Isso serve pra quase todos os poderes: educação, saúde, judiciário, segurança, saneamento e por aí vai... Minha avó diz que: "Foi o tempo que a escola pública era a melhor, com professoras mandadas da França. Hoje, o serviço público não presta pra nada." E eu ainda fico tentando achar brechas pra convencer a velha de que é um serviço voltado pra população, pois pagamos e bem caro pra isso. Mas acabo ficando sem argumentos diante da teimosia e pouca vontade de me escutar. Mas tudo bem, os problemas do Brasil não estão isolados somente em serviços públicos. Vão muito mais além e não me cabe neste post isso.
  
Bom, no eixo da educação, acho que todo mundo, sendo professor ou não, deveria ter a oportunidade algum dia de dar aulas em escola pública. E aprender um pouco com a realidade que as pessoas alí têm a ensinar. Entender e perceber  o que o que aquele público vive no seu dia a dia pra estar naquela instituição. 
A escola pública ensina muito mais que dias sentado lendo teorias pedagógicas utópicas que ninguém consegue entender. Há mais prática e quase nada de teoria. As pessoas vivem, sobrevivem, morrem em si mesmas, revivem... e os professores têm "privilégios" de assistir e aprender apenas com a observação.

Acho que foi lá que prendi a introdução de ser gente de verdade. E digo isso porque eu fui estudante da escola pública quase a vida inteira. Também me formei em uma instituição pública. Estagiei em escolas públicas , trabalhei em uma lá pras bandas do Xingu e na Ilha de Mosqueiro. Me torno humana a cada passo que dou na escola. Me sinto viva a cada bom dia dos alunos. Porque o gostinho de ministrar aulas pra crianças e adolescentes da rede pública é transformador. Pra eles, no início é um impacto. Pra nós, um desafio. 
A gente passa por cada situação que aflora todas as sensações ao mesmo tempo, de repente alegria, irritabilidade, atenção, amor, carinho, confiança, apreço entre outros, são compartilhados em uma mesma aula.
E a cada nova conquista , a cada conteúdo repassado e que é entendido, começamos a engolir gratidão. 
Sempre digo que o ofício da docência , no meu caso, não será pra vida inteira, mas ainda irá me humanizar por muitos anos. 

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