segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Lá fora.

Desamarro os pés da porta,
desenho um sorriso mal feito com batom em um tom carmim
ilumino a rua.
Faço , desmonto
e me acho
No braços da lua .

Eriçada,
de saia curta vermelha, camisa colada, salto elegante
procurando o macho certo
saudável, forte e capaz de si.

Iluminada, amostra da carne
cheirando um cio ácido.
um calor molhado.
garganta seca.

Mãos inquietas,
Entre as pernas passeiam
Endurecem, amolecem, entram, saem
dançam, rodopiam na vulva dilatada.

Os grandes lábios roxeados enrijecem
incham , formigam,
animam-se
sozinhos.

Silêncio!


É lua cheia.







Drumonddiando.



Chegando fim de ano e todo mundo estressado e ao mesmo tempo contente com toda essa folia de fogos, bebidas, comidas. 
Na verdade, a gente só vê o povo pensando em pagar as dívidas e se endividando mais , pensando nos presentes dos amigos ( invisíveis, visíveis, da onça , de longe , da baixa da égua) pra comprar, para assim pensar que deixam todos felizes. Muita comida, muita estragação, muito inferno  e quase nada de reflexão, afinal todos estão muito ocupados preparando suas ceias , enfeitando suas casas, correndo pra que tudo saia do jeito que acha que deve ser: família reunida , mesa farta, presentes. E todos sabemos que sempre será uma noite regada de hipocrisia, gente fazendo as pazes, gente fingindo que reza, gente chorando , gente bebendo até não querer mais, gente insatisfeita com seus presentes, gente reclamando da vida. 
FODA-SE o natal. Acho que eu só fui feliz nessa época, quando eu era bem moleca quando  eu ainda acreditava no velho do saco vermelho e ficava contente e vibrante com os presentes que iria receber. 
Essa data só me trás tristeza, me lembra a ambição e consumismo que somos alimentados.

Drummond é sempre presente nessa sociedade de tempo esnobe. Está presente nossos dias como o Deus criador das palavras.

Os Ombros Suportam o Mundo.
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Só amor.



Minha nova filha. Shiva.
Abandonaram ela e mais três irmãozinhos na rua de casa, mas encontrei apenas dois deles. Uma, eu consegui doar, a outra contaminou meu coração de amor e não consegui entregá-la a mais ninguém. 
Agora ela tá aqui. Divide a cama comigo, me faz caducar com as peraltices de criança. 
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