Setenta e quatro anos, sete filhas, dezessete netos, cinco bisnetos e um mundo inteiro de histórias e lençóis.
Casada por 10 anos, separou-se por obrigações que não lhes agradavam.
Apanhava do marido enquanto sangrava por dentro. Sofria e não mais sorria. Despedaçava-se não mais vivia... Morria!
Apanhava do marido enquanto sangrava por dentro. Sofria e não mais sorria. Despedaçava-se não mais vivia... Morria!
Um dia, acordou disposta a sumir e livrar-se de todo mal. Amém!
Olhou para si, para o espelho. Penteou os cabelos curtos esbranquiçados, colocou-lhe uns brincos de pérolas há tempos guardados. Passou um batom vermelho nos lábios murchos, quase sem vida. Pôs um vestido roxo e embriagou-se na noite e nos olhos de seu espelho. Saiu sem olhar para o passado.
Subiu no primeiro ônibus e parou na primeira festa.
No pop saudade, adentrou.
Foi direto ao balcão e pediu um balde.
Não demorou muito, se aproximou um senhor aparentando 40 anos e com tom de deboche perguntou se a tia era nova alí. Ela disse que não, era puta velha no mundo, e estava alí para tirar uns atrasos que o tempo lhe causou.
A elegância viva, saiu sorrindo para o meio do salão, pronta pra arrasar na noite.
A elegância viva, saiu sorrindo para o meio do salão, pronta pra arrasar na noite.
Daí veio a primeira dança, a segunda... Os dançarinos... O álcool subindo-lhe a cabeça...
O banheiro feminino...
O primeiro, o segundo, o terceiro pau duro...
Corpos que se enlaçavam em fogo adormecido. Sedentos, famintos. Devorada à seco pela frente, por trás, por cima e por baixo.
O banheiro feminino...
O primeiro, o segundo, o terceiro pau duro...
Corpos que se enlaçavam em fogo adormecido. Sedentos, famintos. Devorada à seco pela frente, por trás, por cima e por baixo.
Cavalgou, esfregou-se, sentou, enroscou-se naqueles animais erectos que lhe invadiam a felicidade no presente de emoções que há tempos não sentia.
Lambia ferozmente todas as extremidades e caminhos profundos de seus parceiros. Provou do sangue e da pureza do viril. Mordeu, mastigou, sugou cada falo saliente como se fosse o último.
Sem escrúpulos e educação, foi comida com as mãos, pés, língua...
Sujou a parede, as pernas, a face, sanou as lembranças ruins do passado.
Sentou no vaso, com o sorriso no rosto, quieta
Muda. Ausente de si.
Sozinha.
Sumiu.
Nunca mais voltou ao passado de lágrimas ou ao futuro de amores.
Dormiu um sonho de gozo profundo e eterno.
Sumiu.
Nunca mais voltou ao passado de lágrimas ou ao futuro de amores.
Dormiu um sonho de gozo profundo e eterno.
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