quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O básico pra viver.


Eu sempre fui lisa, sabe?! Dificilmente ganhava mesada dos meus pais, por isso guardava qualquer moedinha que eu conseguia em um cofrinho e depois que tivesse pesadinho, abria pra comprar besteiras mesmo.  Eu guardava do troco do ônibus, dificilmente comprava qualquer coisa na rua e conseguia arrecadar um troco. (isso , antes de entrar pra o costume da bebida). Então, nunca tive de reclamar, porque na verdade , aprendi a ser uma consumista controlada e me conformar com o básico. E assim ia vivendo.
Quando eu pedia algo pra minha mãe, ela sempre dizia: "se der eu compro", e explicava que precisávamos  comprar comida, ao invés de desperdiçar com tal coisa. Ouvir isso , é um choque de "ei, te esperta que isso é futilidade". Ficava meio triste, mas entendia perfeitamente que não tinha condições naquele momento, e que se desse , no próximo mês, ela compraria a coisa almejada por mim ou minha irmã. E como éramos duas, meus pais tinham o costume de presentear-nos com a mesma coisa pra nós duas, geralmente de cores diferentes. E acredito que nunca nos faltou nada que nos fizesse infeliz.
Com isso, aprendemos a nos conformar com o básico mesmo. E eu acho mesmo, é que a gente nem precisa de tanto assim pra viver. Nunca andei nua pra reclamar de roupas novas; eu tinha algumas bonecas feinhas que sempre deu pra brincar; minha cama, meu quarto... Improvisava em tudo que era brincadeira. E esse 'dom' veio da minha mãe, que sempre nos ensinou que pra tudo, dá-se um jeito, exceto pra morte. Assim, tínhamos tudo na medida certa! 
Hoje , diferentemente das sobras da mesada que eu não ganhava, agora já ganho um dinheirinho dos meus dois estágios em colégios, e ainda vendo umas bugigangas de catálogos. Continuo lisa, é bem verdade, mas com o suficiente pra pelo menos uma cervejinha, um lanche na rua, uns bombons. O papo é que eu continuo naquela mesma vibe de quando eu era criança, sem muitas expectativas pra gastos desnecessários. 
O básico eu tenho: trapos, chinelos, comida, gatos, cachorros , amigos e a minha mente que de vez em quando cospe uma poesia.

Esse básico é o 'muito' que eu tenho!

3 comentários:

  1. Também fui criado assim e agradeço nessa parte por ser "pobre", tudo que tenho é somente o essencial para viver.
    Quando eu arranjar um bom trampinho esse costume vai fazer toda a diferença para o sucesso ;D

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  2. Ter crescido no Telégrafo, em meio ao barro (mesmo), acho que faz de mim um jocoso mais agradecido.

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  3. oi ly, é legal quando a pessoa consegue ser feliz com o que tem. eu procuro fazer esse exercício todos os dias. bjs

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