No turno da noite, tenho um aluno de verdade matriculado e uma aluna que quer ser de verdade matriculada.
Essa coisa linda se chama Rosa. É uma arara da espécie Maracanã e vive solta pela comunidade, e pra minha alegria ela escolheu a casa da dona Rosinele para viver.
A Rosa morava com uma outra senhora que vivia na Ressaca e morreu ano passado. Daí ficou por lá, e é livre, cheia de vida e adora um cafuné.
Voa por todos os lados e adora fazer visita às casas. Volta e meia dá uma espiadinha nas aulas, e nas crianças correndo na hora do recreio.
Voa por todos os lados e adora fazer visita às casas. Volta e meia dá uma espiadinha nas aulas, e nas crianças correndo na hora do recreio.
Essa Curica é geniosa que só ela. É danada e quando quer algo, tem que ser na mesma hora em que solicita, porque
senão.... voa em cima dando beliscadas fortes. Eu mesma, já coleciono algumas cicatrizes desses surtos dela.
É ela quem me acorda todos os dias bem cedo, por volta de 6h15. Desce do canto onde dorme , pelos punhos da minha rede até alcançar o mosquiteiro e, acima da minha cabeça, ela começa a resmungar alguma coisa na língua dela. E só se quieta quando eu levanto o mosquiteiro e coloco ela bem em cima do meu lençol. Ela se ajeita pra se aquecer um pouco e logo depois começa a sacanagem dela: se joga, rola de peito pra
cima, malina... é uma graça! Depois das
peraltices da arara, levanto pra banhar (não no Rio), no chuveiro mesmo. Depois tomo meu café ao lado
de alguém da casa, ou mesmo com a curica. Em seguida, com roupa já de professora,
passo um lápis preto no olhos, ajeito os diários de classe e só atravesso a
rua, e já estou no meu trabalho.
Volta e meia, ouço os gritos da arara se aproximando, já passeando pelo meio da gente. Se sentindo gente e me deixando de coração abobalhado pela companhia inusitada de todos os dias.
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