segunda-feira, 14 de abril de 2014

Amanda Ribeiro.




                                                                                                   
À minha queridona.

Dia 15 de abril poderia ser um dia bem especial. Daqueles que eu te ligaria pra te dizer que eu tenho saudades das nossas tardes na universidade, daqueles cafés com tapioca que rolavam lá no nosso kit-net, das fofocas que nos faziam rir muito, daqueles almoços improvisados por ti, pela tua mãe, pelo Mário e pelos teus irmãos lindos Aldo e Aldy, ah... Eu te ligaria e talvez marcaríamos alguma coisa pro meu aniversário que é daqui a quinze dias, então eu beberia a minha cerveja e tu, um suco. Falaríamos de coisas felizes, planos e experiencias de profissão.

Poderia ser um dia comum até, um dia qualquer. Eu e muita gente gostaríamos. Seria um dia de reencontros e sorrisos, mas não é. Esse 15 de abril relembra um dos momentos mais infelizes da minha vida, me traz uma ferida mal cicatrizada, chorosa e cheia de dor. É um dia que ninguém quer ter, muito menos relembrar.  Poderia ter sido apagado do calendário e das nossas vidas.

Há exatos quatro anos que já não estás mais presente, não do jeito que eu gostaria, entretanto o teu lugar aqui na terra é sempre guardado com muito carinho e cuidado, e até mesmo as pessoas que não te conheceram pessoalmente sabem o ser maravilhoso que fostes, só por falarmos de ti e dos momentos bons que passamos ao teu lado. Cada um de nós fomos felizes por ter convivido contigo, saiba disso.

O tempo por aqui têm passado depressa, mas tenho a sensação de que parece pouco tempo, pois a tua ausência ainda é latente e angustia. A tua falta será sempre uma cicatriz aparente que não pára de doer e te sinto por perto, de alguma forma. É como se fôssemos nos encontrar a qualquer momento na rua.

Sempre penso em como seria se estivesses por aqui; o que farias, como estarias, o que falarias... Sempre penso em ti, Amanda. Foste umas das grandes responsáveis por me tornar o que sou hoje. Sem saber, me entregaste a responsabilidade e a força para eu continuar estudando até me formar em letras, porque era um sonho mais teu do que meu.

Quando penso nesse dia, ainda é difícil entender, aceitar, acreditar que tu foste daqui. Por quê? Por quê tu?

Sabes que eu nunca fui religiosa e implicavas muito por causa disso. É que na minha cabeça não é claro que alguém tão cheia de saúde e tão jovem pôde ir embora da terra e simplesmente não voltar mais. Foi um pedaço arrancado sem pedir licença mudando toda uma rotina, destruindo expectativas, descontrolando os passos, perturbando. Eu jamais vou entender.

A tua falta é visceral e as lembranças de ti são essenciais para que a vida por aqui prossiga. A saudade tem apertado tanto o peito e é difícil lembrar de tudo isso sem derramar uma lágrima. Talvez, algum dia eu consiga.

Mas hoje não quero lamentar. Quero agradecer por eu ter tido a oportunidade de aprender em tão pouco tempo contigo! Te agradeço infinitamente por tudo. Por ter feito parte dos meus aprendizados em Vigia, das minhas angústias e alegrias. Dos meus pensamentos  e objetivos malucos. Por fazer parte hoje e sempre do meu ofício e obrigações em sala de aula. Obrigada pelo tempo que passamos juntas, tu me ensinaste tanta coisa bonita. Obrigada pelo carinho, pela compreensão, pela ajuda de sempre, pelas palavras tão cheias de amor e compaixão. Obrigada pelas conversas sinceras, pelos dias de trabalhos cansativos. Obrigada por teres aberto a porta da tua casa, da tua família, do teu coração. Obrigada por sempre fazer parte da minha vida.

E perdão querida , mas ainda não sei guardar as lágrimas enquanto falo de ti.

Um beijo bem forte e apareça sempre que puderes.

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