quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Parasitas a sós.

(Foto da net)
Talvez os ventos levem as palavras que são leves, soltas , fugidias, prontas para se libertarem da língua. Mas e o desejo, quem carrega?

A boca fechada marca o tempo, abusa do caos que toma conta do corpo. Saudade. 
Aquele odor impregnava no ar por dias, até que ele resolvesse aparecer novamente. Meu corpo padece.
Dias vazios tomavam o quarto inteiro com aquele aroma da última camisinha usada e o cio que nunca cessava. Lembranças vagavam pelos esconderijos das veias, e eu caminhava na casa vazia. Da cama para a cozinha até aquele ruído na minha janela aparecer e recender a presença alucinante.

-"Fi fi fiiiio."

Dispara um coração.

-"Chegou!"

Senta no sofá, acende a erva e um incenso. A bebida vermelha que o acompanha no copo da mesinha da sala já o espera. Fita-me.
Me constrói no olhar compenetrante irradiando desejo. Desenha-me com os pensamentos minhas formas, curvas , pele. Fareja meu olor misturado à lembranças. Mudo, me consome.
Me conduz com um olhar atrevido que me chama, hipnotiza, tranquiliza, entontece. Me dissolve na cama. Mergulha em minha carne. Delira. 
Nos transformamos em pó toda vez que nossos cheiros pensamentos se confundem.

Me alisa com a língua, por cima da blusa, os mamilos ensandecidos . Sem pressa, começa a passar a mão nas minhas coxas, passeando com os dedos pela virilha , calcula minha umidade. Desregula o ar.
Por cima da calça jeans, minhas mãos lhe tocam o escroto na maior aspereza e fome. Massajei-os , acaricio-os. Até o falo latejar desesperadamente. 

No ritual de sempre, ele me despi primeiro e eu lhe tiro a sanidade. Me beijava sem parar dos pés aos lábios mais grossos entre minhas pernas e me fazia contorcer-me o corpo enquanto me olhava fixamente. O mel escorria em sua língua que profundamente me encontrava. Me devorava sem pressa. Me lambia, mordia, chupava, tremia,  Me dissolvia em calda e lhe lambuzava. Me libertava da carne e me fazia transitar pelo universo. 

Lhe fazia carícias, lhe beijava, lhe lambia.  rosado e imponente. Debruçava-me a lhe cheirar, endeusava aquele pênis vibrante, brilhante de amor. Mordia, guardava em mim, nos mais belos movimentos. Parecíamos bailarinos. Contagiados , harmonizados um dentro do outro. 
Nos alimentávamos de nós. Dos sabores inebriantes , da energia amarga, dos surtos alados, da vaga lembrança amante.
Somos parasitas. 
Somos esconderijo de tempos em tempos. 




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