Foi como um gole sedento, macio rasgando a carne. Ou como o mar que me
descobria, percorrendo minhas formas. Iluminando meu caminho.
Viu-me estirada na cama de bruços, com a camisola fina e sem calcinha.
Debruçou-se manso ao meu lado, devagarinho. Os dedos passearam pelos meus pés,
beijos arrastados e melados sob minhas coxas, rastejou a língua por entre
minhas dobras do glúteo eriçando meus seios, acordando meus sentidos. Permaneci
imóvel de olhos fechados sentindo o fogo renascer.
Levantou aos poucos a camisola de linho, pôs-se a mordiscar o dorso
todo, costas, nuca...
O sol já raiava o dia, o calor aumentava, meu sexo suado palpitava.
Nossos corpos mudos preparavam-se para planar sobre lençóis em outro plano.
Estamos apenas começando, apenas aquecendo.
Virou-me de frente, escorregando a boca em meu ventre e barriga,
estacionando em uma sucção sob os brincos dos meus mamilos. Subiu ao pescoço,
prendendo seus lábios aos meus. Nossas línguas dançaram juntas, ferventes,
coladas uma a outra.
Era aquele jeito dele calmo que me fazia sentir o mundo, o roçar de pernas nas minhas antecoxas, aqueles braços
ávidos envoltos a mim, protegendo, amando, explorando minhas entranhas. Trancava-me
e mordia. Trepidava e me chupava.
Me consumia, me bebia, me fumava, me dissecava, me
abria.
Minhas pernas malinas prenderam seu tronco ao meu. Espremi com todo meu
ser a ele. E antes que se instalasse em mim, volveu minha carne apoiando-me a
dois travesseiros macios sob meus quadris, enquanto reclinei-me e pus a
acariciar seu pênis, na medida em que ele mergulhava lentamente os dedos entre
o clitóris e os grandes lábios do meu sexo, espalhando toda a água que expelia.
Deixou-me em ponto de explosão, quando decidiu entrar em mim pelo ânus.
Segurando minhas mãos, me levou à uma montanha sem direção, sucumbindo nossa
existência do mundo carnal, irreal e sublime. Vi a dor excitante crescendo
entre minhas pernas. Voamos juntos de braços abertos ao pular da montanha.
Vasculhou meu centro, eletrizou energias adormecidas e reacendeu o que sou
o amor de mim mesma. Desatrelando almas dos nossos corpos semimortos, um dentro
do outro. O galante penetrou com elegância e paciência. Percebi que enquanto
entrava, consumia minha solidão acendendo meus sentidos de homem e mulher.
Olhei pra trás o tive a visão mais linda dele, ajoelhado
junto a mim, profundamente dentro de mim. Enxerguei um Paraíso no limiar da
submissão, um Paraíso meu. Um lugar de extremo desejo e alegria. Um estado de
graça instalado, enfiado no ego, de maneira grotesca e sentimental. Senti-me
penetrada pela esperança. Meu abrigo compartilhado preenchido por aquele
galante animal. Conheci meu poder, um vácuo sem ar sugando aquele monumento
vertical até explodir, nos tornando uma coisa só. Fundimos a um só elemento no
espaço, sem tempo, sem fôlego, mas cheio de vida e amor.
Encontrei minha beleza, a beleza daquele homem. E
em algum lugar meu inconsciente explode dentro de um prazer insuportável que
nos fez rir e chorar juntos. Um dentro do outro.
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