quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Um golpe de luz.



Foi como um gole sedento, macio rasgando a carne. Ou como o mar que me descobria, percorrendo minhas formas. Iluminando meu caminho.

Viu-me estirada na cama de bruços, com a camisola fina e sem calcinha. Debruçou-se manso ao meu lado, devagarinho. Os dedos passearam pelos meus pés, beijos arrastados e melados sob minhas coxas, rastejou a língua por entre minhas dobras do glúteo eriçando meus seios, acordando meus sentidos. Permaneci imóvel de olhos fechados sentindo o fogo renascer.
Levantou aos poucos a camisola de linho, pôs-se a mordiscar o dorso todo, costas, nuca...

O sol já raiava o dia, o calor aumentava, meu sexo suado palpitava. Nossos corpos mudos preparavam-se para planar sobre lençóis em outro plano. Estamos apenas começando, apenas aquecendo.

Virou-me de frente, escorregando a boca em meu ventre e barriga, estacionando em uma sucção sob os brincos dos meus mamilos. Subiu ao pescoço, prendendo seus lábios aos meus. Nossas línguas dançaram juntas, ferventes, coladas uma a outra.

Era aquele jeito dele calmo que me fazia sentir o mundo, o roçar de pernas nas minhas antecoxas, aqueles braços ávidos envoltos a mim, protegendo, amando, explorando minhas entranhas.  Trancava-me e mordia. Trepidava e me chupava.
Me consumia, me bebia, me fumava, me dissecava, me abria.

Minhas pernas malinas prenderam seu tronco ao meu. Espremi com todo meu ser a ele. E antes que se instalasse em mim, volveu minha carne apoiando-me a dois travesseiros macios sob meus quadris, enquanto reclinei-me e pus a acariciar seu pênis, na medida em que ele mergulhava lentamente os dedos entre o clitóris e os grandes lábios do meu sexo, espalhando toda a água que expelia. Deixou-me em ponto de explosão, quando decidiu entrar em mim pelo ânus. Segurando minhas mãos, me levou à uma montanha sem direção, sucumbindo nossa existência do mundo carnal, irreal e sublime. Vi a dor excitante crescendo entre minhas pernas. Voamos juntos de braços abertos ao pular da montanha.
Vasculhou meu centro, eletrizou energias adormecidas e reacendeu o que sou o amor de mim mesma. Desatrelando almas dos nossos corpos semimortos, um dentro do outro. O galante penetrou com elegância e paciência. Percebi que enquanto entrava, consumia minha solidão acendendo meus sentidos de homem e mulher.

Olhei pra trás o tive a visão mais linda dele, ajoelhado junto a mim, profundamente dentro de mim. Enxerguei um Paraíso no limiar da submissão, um Paraíso meu. Um lugar de extremo desejo e alegria. Um estado de graça instalado, enfiado no ego, de maneira grotesca e sentimental. Senti-me penetrada pela esperança. Meu abrigo compartilhado preenchido por aquele galante animal. Conheci meu poder, um vácuo sem ar sugando aquele monumento vertical até explodir, nos tornando uma coisa só. Fundimos a um só elemento no espaço, sem tempo, sem fôlego, mas cheio de vida e amor.

Encontrei minha beleza, a beleza daquele homem. E em algum lugar meu inconsciente explode dentro de um prazer insuportável que nos fez rir e chorar juntos. Um dentro do outro.

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