segunda-feira, 12 de março de 2012

Traída por mim.

Era noite de caça.
À solta: famintas, malditas, bruxas.
Esquivam-se os covardes, sem rumo. Porcos, loucos, doentes, quentes e macios. Estúpidos!
Dançam em frente à oportunidade sorridente do consumo de suas próprias carnes fatigadas de dias a sol e frio. Fugidas, mas essencialmente desejadas.

Chego a vós com minha isca: o meu sorriso . Ai de quem se arrisca, ai de quem se encanta. Dentes, cujo gume corta bem.  Beijos astutos para confundir inimigos. Olhos que fuzilam a alma. Abraço que envenena. Ai de ti!
Bastou um olhar em silêncio. Meus beijos molhados petrificaram-lhe o sangue, amarelou-lhe os globos oculares e em segundos eu lhe sugava.Acabei-lhe o leite. Sou animal de fibra, de carbono e dor. Me alimento do que não preciso: do amor.Encanto e desencanto. Sou caçadora, mas ontem ele me caçou.
Varreu meu clitóris com os dedos ásperos tão cuidadosamente, tão ambiciosamente, tão deliciosamente. Tão cheio de gás. Tão meu. 
Colados, lambuzados, atracados sem pudor, permanecemos nos esfregando no mato a noite toda. Rasgou-me a carapuça sombria com a língua. Entrou pela porta debaixo, apropriou-se de mim. Imobilizou minha ira com a saliva entre minhas pernas e mordidas nos seios.   De todas as formas geométricas e incompreendidas fizemos sexo.  Gozamos  além da tridimensionalidade do plano espiritual. Satisfez meu apetite. Me esgotou a energia. Preencheu-me assim...

Me encontrei naquele ritmo. Achei um caminho naqueles braços. O cheiro dele me guiou. Era carinho maldito. Beijos indecentes que farejavam calor.
Enfeitiçada, caí na armadilha da vida e fui traída por meus instintos de cio. Findei, bem como exterminei minhas vítimas. 

Na miséria  do meu engano, acabei decrépita, apaixonada, deitada e morta. 


O monstro? 
Se foi...

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