segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pronunciamento/

Ah, meu ano já começou bom, com uma notícia recebida ainda ano passado... Tive um trabalho aprovado na 7º bienal da Une, que será do dia 18 ao dia 23 de janeiro na capital fluminense. E foi um conto erótico meu, na categoria literatura. Olha que legal! E eu nem dava valor no próximo. Daí esses dias tenho me esforçado bastante pra tentar ir a este evento. Tenho feito pedágios rifas, ido a universidade pedir ajuda de custo.
A Bienal, que completa 12 anos de experimentação e valorização da identidade nacional, traz desta vez o tema “Brasil no estandarte, o samba é meu combate”.
O conto que foi aprovado chama-se Hora da agonia, que eu já publiquei aqui.
Mas segue aí, afinal ele merece:


Era todo dia ao meio dia em ponto, que o amor nascia. E morria precisamente às quatorze horas e cinco minutos ( estourando ). Bem no meio daquele sol filho da puta, capaz de desintegrar qualquer ser vivo...
O amor nascia entre lençóis e panelas, entre poeira e comida com hora marcada. Almoçávamos um ao outro.
Era o único tempo que nos era cedido. Trabalhávamos feito loucos. Com uma única hora livre sendo a do almoço, a qual não podíamos ultrapassar.
Eu saia do Hilton hotel, atravessava a Presidente Vargas em direção a Ó de Almeida.Ele saía no mesmo ritmo do tribunal de justiça. E quase sempre nos encontrávamos no canto da Assis de Vasconcelos para descermos juntos até o nosso 'restaurante sacralizado'.
O lugar, era um desses casarões antigos e abandonados pelo governo do estado e sem qualquer previsão de recuperação ( pra nossa sorte ).
O 'meu cozinheiro', era quem chegava primeiro, pois eu sempre me atrasava para sair do hotel. Às vezes, eu precisava prestar conta dos hospedes da manhã e tinha que ser antes do almoço...
Ele, como bom advogado criminalista, (que parecia ser) era mais eficiente e nunca se atrasava , bem assim como bom homem faminto.
Assim que eu chegava, ele já estava de pau duro, pronto pra me devorar e revigorar minhas forças de mulher e gerente de hotel.
Cozido! Era o almoço daquela hora de agonia.
Deleitávamos entre caldos, entre pernas, salivas e batatas.Mastigávamos ferozmente os nervos entre nós. O chuchu, a abóbora e o repolho daquele molho ardente de pimenta paraense era o que nos fazia delirar naquele almoço.
Sempre terminávamos sem lenços para limpar nossos lábios ensebados. E aquele dia, não foi diferente.
Nos perdíamos e nos encontrávamos...
Mas no bom do gozo e quando a felicidade suprema nos tinha chicoteado, nosso tempo acabava.
Já dava a hora e o 'intervalo do almoço' acabara!
Saiam os dois satisfeitos, aguardando o almoço do próximo dia.


Da vida dele eu tão pouco sabia. Ele, da minha, nem se atrevia...


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